Sobre escrever e ser lido

Escrevo de maneira contínua e consciente desde antes de entrar na faculdade, desde meados de 2007 e 2008. Digo consciente, porque desde essa época comecei a escrever várias vezes por semana e comecei a ler o que escrevo e pensar: “porra, eu escrevo”.

Não que não fosse alfabetizado antes disso, ou que não gostasse da leitura e da escrita que vem de forma natural depois de ler, mas sim de colocar no papel alguma coisa e ver que ela tem algum valor.

É nessa questão de valor que as coisas complicam. Eu escrevo totalmente para mim. Até me choca quando alguém que eu admiro, por qualquer faceta, me elogia por algo que escrevi — também não sei lidar com elogios, mas isso é assunto para outro texto ou para uma sessão de terapia. Não tenho ego nenhum em ser reconhecido como “alguém que escreve”. Inclusive não gosto da epítome de “escritor” ou de “artista”. Aliás, olho diferente pra quem se diz “artista”, mas divago.

Escrevo pra mim porque escrever é o que faço da minha vida com maior paz de espírito e sorriso no rosto. Me sinto despido de todos os rótulos, de todos os meus desesperos, me sinto intenso e completo. Escrevo porque não sei pintar quadros, não sei calcular integrais, não sei consertar o motor de um carro.
Escrevo porque é o que eu sou.

Aí entra a questão do valor. Durante os anos que todo mundo começa a pensar “o que eu vou ser quando crescer”, não tinha a mais puta ideia do que queria ser. Nunca pensei em ganhar mais dinheiro do que gastaria e nunca pensei em gastar em coisas que eu não gosto.
Só mais tarde fui descobrir que gostaria de escrever profissionalmente. E o que é profissionalmente ?
Qual é o valor de um livro, de um tweet, de uma postagem no medium? Como colocar valor monetário em um texto que você leu e mudou sua maneira de pensar pelo resto da vida? Porque alguns vendem — e ganham — milhões e outros escritores praticamente se prostituem escrevendo algo que não gostam pra poder pagar as contas ?
Então decidi que, mesmo que me tornasse um escritor um dia, nunca seria pelo dinheiro. Porque o dia que eu precisar escrever, mesmo não querendo, pra pagar um boleto vai ser o dia que eu vou dar a primeira apunhalada nesse lado meu que tanto gosto.

Mesmo escrevendo somente para mim, ser lido é necessário. O é porque escrever não é uma via de mão única, é um diálogo. E se escrever é o que eu sou, eu quero ser bom.
Por isso abro esse canto aqui pra escrever. Porque, sim, quero ser lido. Porque, sim, não sou bom — ainda. Mas quero tentar.
Me leia, vamos criar esse diálogo.

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